Atari 2600 o mais clonado no Brasil em sua historia

Quem gosta de vídeo games antigos , ou já pesquisou sobre esse assunto ou mesmo já teve um Atari 2600 deve ter notado a quantidade de clones que ele teve aqui no Brasil , mais você já se perguntou o por quê isso acontecia.

Bom para isso temos que voltar em 1980 , ano em que o Atari 2600 aparecia timidamente aqui no Brasil , e que isso começou a despertar o interesse de algumas pessoas , de que isso poderia ser um bom negocio , mais ate então eram poucas empresas , mais você deve estar perguntando clonagem de um produto sem a autorização para resumirmos é crime e nesse caso posso dizer que não , mais claro com a ajuda das nossas leis , mais calma isso podemos explicar com o auxilio de duas leis uma de 1962 e outra de 1984.

"LEI Nº 4.131, DE 3 DE SETEMBRO DE 1962. Art. 14. Não serão permitidas remessas para pagamentos de "royalties", pelo uso de patentes de invenção e de marcas de indústria ou de comércio, entre filial ou subsidiária de empresa estabelecida no Brasil e sua matriz com sede no exterior ou quando a maioria do capital da empresa no Brasil, pertença ao aos titulares do recebimento dos "royalties" no estrangeiro."

Resumindo você poderia "copiar um produto do estrangeiro " e não ter de pagar royalties(ma quantia que é paga por alguém ao proprietário pelo direito de usar, explorar ou comercializar um produto... ) as empresas facilitando o comercio ilegal , mais só este fato não ajuda a explicar pois havia mais uma lei para dai sim podemos montar o cenário para explicar o por que isso acontecia .

"A Política Nacional de Informática (PNI), Lei n.º 7.232, foi aprovada em 29 de outubro de 1984 pelo Congresso Nacional, com prazo de vigência previamente estabelecido em 8 anos e visando a estimular o desenvolvimento da indústria de informática no Brasil através do estabelecimento de uma reserva de mercado para as empresas de capital nacional. A ideia de instituir uma reserva de mercado para fabricantes nacionais de produtos de informática começou a tomar forma na primeira metade da década de 1970, durante a vigência do Regime Militar, dentro do espírito vigente de "Brasil Grande Potência". A justificativa é que, protegidas da concorrência com as multinacionais do setor (IBM, Burroughs, HP, Olivetti etc), os fabricantes brasileiros poderiam desenvolver uma tecnologia genuinamente nacional e estariam plenamente aptos para competir em pé de igualdade com suas concorrentes estrangeiras quando a reserva de mercado terminasse. Os defensores da medida alegavam ainda que o protecionismo havia surtido efeito em outras circunstâncias históricas, citando como exemplos o caso do Japão e dos Estados Unidos da América. Todavia, para a implementação das medidas de execução da futura Lei de Informática, o governo federal criou um órgão, a SEI (Secretaria Especial de Informática), controlado por coronéis ligados ao Serviço Nacional de Informações, algo que despertou protestos por parte dos segmentos mais liberais da classe empresarial. Todavia, quando de sua implantação, a Lei de Informática recebeu o apoio entusiástico de entidades ligadas ao setor, como a ABICOMP (associação dos fabricantes nacionais de computadores), a SBC (entidade representante dos professores universitários de informática) e a APPD (associação sindical "oficiosa" dos técnicos de processamento de dados). Graças a um trabalho de "lobby" das referidas entidades, muitos setores da sociedade civil acolheram com simpatia a Reserva de Mercado."

Diante dessas duas leis em especifico temos o cenário perfeito para que pessoas que antes nem sabiam o que era vídeo game , mais sabiam que isso poderia render muito dinheiro entrarem no mercado sem qual quer experiência ,posso ate exagerar dizendo que era mesmo puro lucro em muito casos mais nem sempre como exemplo de Joseph Maghrabi um joalheiro que fundou a primeira empresa na produção nacional de Atari 2600 a Atari Eletrônica para se ter uma ideia .

Não posso precisar se exatamente em 1980 ou pouco antes isso já começava a dar pequenos sinais de empresas sendo criadas para este fim mais a Atari Eletrônica foi uma das primeiras como citei e creio que dai muitas vieram .

De 1980 ate 1983 esse mercado foi crescendo e muitas situações curiosas foram aparecendo como o caso da Bit - Eletrônica uma empresa do Rio, que em 1981 fabricou o Top - Game sim compatível com Atari 2600 e não o da CCE compatível com o "Nintendinho" este vídeo game é pioneiro por que usava um layout totalmente diferente do Atari oficial e os jogos também tinham outro nome como por exemplo o nosso Pitiffal ficou conhecido como Pantanal e o Freeway como BR -101 , talvez achando assim que a Atari não fosse os processar .

E o mais curioso dessa empresa e que justamente temendo qual quer processo ela resolve ter uma ideia genial trocando o formato do encaixe do cartucho de retangular como o Atari original para um diferente para mais uma vez evitar o ser processada que como já tratamos acima seria muito difícil e depois vendo a bobagem que fizeram lançaram um adaptador para cartuchos normais mais ai já era tarde demais .sendo esse Atari uma vídeo game muito raro , em que eu mesmo nunca cheguei a ver um pessoalmente .

Para termos uma ideia de como as coisas eram na época em meados de 1983 que ouve o "BUM" dos clones do Atari e como o aparecimento de varias empresas como a Daynacom, a Dismac ,Sayfi Eletrônica (que depois virou a MILMAR e que também fabricou o DACTAR) empresas essas que não eram do ramo ou simplesmente queriam aproveitar a onda .

Um exemplo que foge ao contexto citado a cima é a Dismac uma empresa que fabricava calculadoras e micro computadores compatíveis com Apple 2 com seu Atari VJ-9000 , em que na maioria se fazia copia fiel ao Atari 2600 que neste acaso se entendia um pouco do mercado , mais nem tanto , pois na maioria os materiais usados eram de baixa qualidade .

mais esse mercado não vivia só de consoles muitas empresas vieram para fazer jogos , não no sentido de criar eles e sim de copiar , uma por que nosso maquinário por conta da reserva de mercado era muito atrasado perante ao mercado externo fazendo assim uma demanda que as empresas não davam conta e dessas cito algumas como , apropria Daynacom, Digitel, Dactar ,Digivision ,Tele Star, Zinork, CCE ,Canal 3 , Cromax entre outras que viam nisso algo rentável.

No caso da Dynacom por exemplo ela entrou no mercado de games a pedido (claro estou contextualizando se não a historia ficaria muito extensa ) de uma rede de óticas "Fototica" que por muito tempo vendia jogos de vídeo games entre outros , a Daynacom começou na fabricação de cartuchos e logo depois passou a fazer os consoles .

Lembro-me de quando estava lendo os livros 1983/84 de Marcus Vinicius Garrett para resumir uma passagem em que ele fala de uma das UD (feira de utilidade domestica ) que era muito comum vídeo games serem apresentados lá que quando a Dynacom lançou o seu Dynavision I com um visual totalmente diferente do Atari ,ela dizia que o seu console não era apenas compatível com o Atari 2600 que ele era melhor pois utilizava ao invés do Zilog Z80 padrão do Atari utilizou o mesmo processador que era utilizado nos computadores Apple 2 e que por esse motivo o console também serviria como um computador , mais a frente ,e depois se mostrou que não passava de marketing , pois esse processador usado tinha a mesma capacidade do usados no Atari não fazendo tanta diferença, mais que na época se alardeava como uma tecnologia inovadora.

Nesse contexto dava uma ideia de como as coisas iam na quela época mais nem tudo são flores e eu explico , quando se tem um mercado cheio de consoles não oficiais alguém vai ter a ideia de ser a oficial e dominar o mercado como tentou fazer a Polivox (uma divisão da Gradiente ) na quela época era comum você ver empresas terem sub marcas para diferenciar a sua linha de produtos e no caso a Polivox fabricava aparelhos de som toca disco em geral , mais ficou responsável por trazer o Atari 2600 oficial ao Brasil , mais pelo que se sabe ela quis ser um tanto apressada e mesmo sem ainda ter uma licença da Atari e temendo que outra pudesse antes dela claro isso pra min e um fato meio obscuro na historia já comercializava o Atari 2600 como oficial , (no entanto que ela teve que pegar muito depois quando a questão de royalties foi revista no governo Color quando ele abriu o nosso mercado aos estrangeiros ,e ai as coisas ficaram super difíceis a clonagem) ,em meados de 1983 ela veio com o lançamento do Atari 2600 e se dizendo oficial que depois foi mesmo ,mais achando que nessa época ia conseguir acabar com a clonagem desenfreada do Atari mais viu-se que não como ainda vigorava as nossas leis as que citei logo no começo , não deu em nada .

Em que pese o Atari foi muito clonado aqui no Brasil ,uma por que não existia um controle e outra pelo simples fato que na época você não tinha uma propagação de marcas as vezes o que se tinha na região sul deste por exemplo não era o mesmo para as demais nas noticias ou a questão de logística não era tão eficaz fazendo com que pequenas empresas regionais começassem a fabricar clones do Atari ate por uma questão de assistência técnica, mais isso não ficou só no Atari ainda durou mais uma geração , mais isso e outra historia .